A Batalha de Zenta e o início da decadência otomana. (1697)

Entre os anos de 1683 e 1699, o Sultão Mustafa II, califa do Império Otomano, enfrentou uma liga de nações cristãs numa série de confrontos conhecida como Grande Guerra Turca. Em 1683 os turco-otomanos, ainda no auge de sua expansão, quase conseguiram conquistar Viena, tendo sido derrotados pelos Poloneses. No ano seguinte, essa ameaça motivou a criação da “Liga Santa” pelo Papa Inocêncio XI – formada inicialmente pelo Sacro Império Romano-Germânico governado pelos Habsburgos, a República das Duas Nações (Reino da Polônia e Grão Ducado da Lituânia) e a República de Veneza e posteriormente pela Rússia – levando os europeus a uma sucessão de vitórias, culminando com a conquista de Belgrado em 1688.

Apesar de seu aspecto de disputa religiosa, outros interesses estavam presentes e a França, sob o reinado de Luís XIV, reconhecido como protetor dos católicos nos domínios otomanos, mantinha um acordo tácito com o Califa e via com preocupação as vitórias dos Habsburgos contra quem esteve em guerra até 1684. Após a conquista de Belgrado, mas não apenas por esta razão, os franceses atacaram o Sacro Império Romano Germânico dando início a Guerra dos Nove Anos. Essa nova guerra europeia aliviou a pressão sobre os turcos, que tornaram a avançar, reconquistando Belgrado em 1690 e conseguindo conservar boa parte dos seus domínios.

Em 1697, Mustafá II liderou pessoalmente mais uma tentativa de reconquistar a Hungria. Porém, tropas do Sacro Império Germânico, comandadas pelo príncipe Eugênio de Saboia, apesar da desvantagem numérica atacaram de surpresa o Exército Turco durante a travessia do rio Tisza nas imediações de Zenta – atual Senta na Sérvia – aproximadamente 150 km ao norte de Belgrado. O ataque provocou a dispersão do Exército Turco-Otomano, causando milhares de baixas, incluindo o grão-vizir, além de capturar o tesouro otomano e símbolos do poder do Califa como o Selo do Império, que nunca havia sido capturado antes. Essa foi certamente uma das piores derrotas sofridas até então pelo Império Otomano, que perdeu o controle sob um imenso território com a assinatura do tratado de Karlowitz em 1699, que cedeu partes da Croácia, da Hungria, da Transilvânia e de Eslavônia para os Habsburgos, marcou o fim do domínio otomano na Europa central e o início da ascensão do Império Austro-Húngaro.

Imagem: Representação da Batalha de Zenta de Jan van Huchtenburgh (1647-1733)

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